O Transtorno de Deficit de Atenção/Hiperatividade- TDAH, é um transtorno neurológico. Ou seja, não depende da vontade da pessoa, não é um comportamento intencional, não é manha como muitas pessoas afirmam e não passa pelo necessidade de chamar atenção- como muitos pais e alguns educadores costumam pensar.
Embora o mesmo venha sendo divulgado com relativa notoriedade pela mídia e sendo absurdamente aceito e validado apenas por uma breve consulta nos manuais diagnósticos como DSM-IV, por exemplo. Acho prudente frisar que sintomas por si só não determinam uma patologia e não a validam somente por preencher um número satisfatório de condições que são coletadas individualmente. É preciso que o indivíduo seja entendido, analisado e "interpretado" mediante a observação de como o mesmo se comporta em vários ambientes que o mesmo frequenta. Como pontua Bastos(2000)
"O entrevistador deve sempre ter em mente que uma doença não é um mero conjunto de sinais e sintomas, mas sim uma falha, um bloqueio ou um impedimento do funcionamento normal ou ideal do organismo, geralmente numa tentativa de refazer, repor, reparar, ou restituir o equilíbrio perdido. As doenças não caem do céu como maldições imprevisíveis, mas têm cada uma, a sua história natural, desde uma simples unha encravada até a AIDS, a tuberculose ou a esquizofrenia. Os sintomas não surgem isoladamente, ao acaso." (Bastos, 2000, p,78)
"O entrevistador deve sempre ter em mente que uma doença não é um mero conjunto de sinais e sintomas, mas sim uma falha, um bloqueio ou um impedimento do funcionamento normal ou ideal do organismo, geralmente numa tentativa de refazer, repor, reparar, ou restituir o equilíbrio perdido. As doenças não caem do céu como maldições imprevisíveis, mas têm cada uma, a sua história natural, desde uma simples unha encravada até a AIDS, a tuberculose ou a esquizofrenia. Os sintomas não surgem isoladamente, ao acaso." (Bastos, 2000, p,78)
No caso do TDAH, é interessante averiguar se o mesmo se expressa em casa, no colégio e se faz parte de um comportamento que se faz presente em boa parte das ações cotidianas da pessoa a ser avaliada. É preciso entender a dinâmica que rege o funcionamento global da pessoa.
Se criança, há que se ter mais cuidado ainda porque faz parte da infância estar em constante transformação e reformulação física-cognitiva-afetiva. E neste cenário é esperado, é normal que determinados comportamentos sejam interpretados superficialmente como patológicos e lá vamos nós legitimando a era da Ritalina.
A Ritalina, é o medicamento mais comum e amplamente usado no Brasil- por se tratar de uma droga considerada de "perfil seguro." Seus efeitos no organismo asseguram uma supressão temporária dos comportamentos observados no TDAH. Passado o seu efeito os sintomas retornarão. A literatura clínica nos aponta que não é interessante que no manejo do TDAH, a abordagem escolhida seja unicamente medicamentosa, ou só psicoterápica.
O ideal é combinar o aspecto psicoeducativo associado se for o caso ao medicamento. É "ensinar" estratégias de enfrentamento aos pais, aos educadores e fazer do medicamento, quando estritamente necessário, um auxílio. Lembrando que, o medicamento por si só, nada ensina sobre o sofrimento, impactos sofridos, estigmas, etc que a pessoa acometida pelo transtorno venha enfrentando no seu dia a dia.
Faz-se necessário ressaltar que há um número relativamente grande e cada vez maior de crianças que apresentam alguns traços de comportamentos que se assemelham ao TDAH. Mas, não raro, não preenchem critérios diagnósticos suficientes para ser enquadrados em nenhuma síndrome ou transtorno.
Atenção pais, educadores e sociedade civil. Não legitimem mais essa "onda" de validar uma única opinião profissional. Use de bom senso, sensibilidade e principalmente de respeito. Ser criança é incomodar, é bagunçar é fazer barulho, etc.
Nós adultos é que estamos cada vez mais impacientes, intolerantes e insensíveis ao universo infantil e aos seus dramas, às suas crises que mais nos exigem carinho e entendimento que medicamentos! Afinal, quem de nós, quando criança hoje, não teria um TDAH facilmente?
Por Dani Souza