A cirurgia bariátrica também conhecida como cirurgia de redução do estômago vem se popularizando cada vez mais devido aos benefícios que a sua realização poderá proporcionar aos indivíduos que têm obesidade mórbida (aquela que traz risco de vida ou à saúde).
Porém, toda mudança que virá de forma abrupta- como em uma intervenção cirúrgica, exige certo nível de re-adaptação cognitiva, emocional e física somados a uma "quebra" da rotina. Sendo assim, a Psicologia trabalha no espaço da prevenção e da educação visando o aumento da qualidade de vida. Além do acompanhamento dos processos biopsicossociais a que todo sujeito inserido em um contexto social se encontra rodeado.
Se submeter a uma cirurgia bariátrica poderá despertar ou potencializar algumas fantasias que já co-existam na psique do indivíduo. Podendo mobilizar defesas antes bem adaptadas e/ou desencadear um quadro de ansiedade generalizada, depressão, fobia, etc. Pois cada pessoa vivencia as expectativas de uma intervenção cirúrgica seja em qual órgão for de maneira e intensidade diferente, e tal processo é regido pela subjetividade, pela história de vida que é extremamente singular para cada pessoa.
E é nesse momento em que o suporte psicológico poderá fazer toda a diferença e minimizar os impactos da cirurgia vivenciados desde o pré-operatório e de fato constatados no pós-operatório. Uma vez que as ansiedades, as dúvidas, os medos, a exigência de mudar o estilo de vida, a necessidade de alterar o perfil alimentar, já foram discutidos com o indivíduo muito antes de o mesmo se submeter a tal processo cirúrgico.
A cirurgia (dependendo da técnica) poderá ser bem rápida. Mas a mesma rapidez não é constatada e muito menos vivenciada após a mesma. Ou seja, não é o ato em si que sozinho será responsável pela ruptura de velhos hábitos e padrões de comportamentos praticados antes do mesmo. Exemplo: Não se pode ingerir a mesma quantidade de alimento que a pessoa estava acostumada, manter o mesmo padrão sedentário e a cirurgia não será decisiva para "atrair" novos relacionamentos, não trará felicidade e não resolverá os problemas do dia a dia.
Pois para que tudo isso ocorra na vida de qualquer pessoa- requer mudança de atitudes, ruptura de velhos hábitos, adoção de novos comportamentos e etc. Algumas pessoas costumam pensar que o processo cirúrgico por si só lhe trará um novo estilo de vida, em um estalar de dedos lhe dará uma nova vida, novos amigos, novos prazeres. Nada disso é dado, tudo isso é conquistado de acordo com as necessidades e expectativas de cada um de nós depositados em nossa rede social seja trabalho, família, amigos, relacionamentos, etc.
Não há nada disso garantido após a cirurgia. Ela não faz milagres e tudo o que for além de disciplina, reeducação alimentar, mudança de hábitos, engajamento em atividades físicas será mera ilusão e poderá comprometer todo o processo pós cirúrgico. Daí a necessidade de submeter o indivíduo a uma avaliação psicológica que como muitas pessoas pensam não tem o objetivo de suspender a cirurgia mas sim de certificar de quais são as reais condições psicológicas que o indivíduo vem apresentando antes da cirurgia.
Lembrando que, na
possibilidade de o psicólogo detectar alguma psicopatologia grave, a
exemplo dos transtornos da alimentação, comportamentos suicidas,
comprometimentos intelectuais a ponto da pessoa não entender o que será
feito com ela. A cirurgia poderá ser suspensa. Pois é de extrema
importância que haja pleno entendimento e colaboração do paciente para
se obter bons resultados no pós operatório.
Por Dani Souza