03 novembro, 2012

O TDAH e os medicamentos estimulantes- Parte II



De posse da escuta dos pais, do retorno do colégio e do auto-relato da própria pessoa envolvida na questão, percebe-se que através da observação direta e indireta do comportamento nota-se que os efeitos dos medicamentos estimulantes sobre o comportamento implicam no aumento da atenção, na redução da impulsividade e um maior controle sobre a atividade motora.

Do ponto de vista dos pais e familiares mais próximos à criança e/ou adolescente afirmam que os mesmos tendem a ter maior facilidade em manter um comportamento mais organizado (em termos de agitação) e há um maior poder de tolerância contra eventos antes percebidos como frustrantes- como ouvir um não, por exemplo.

Do ponto de vista do colégio, os estudantes mostram-se mais propensos a completar seus trabalhos escolares com maior assertividade, mostram-se mais tolerantes, obedientes em relação às regras e atividades propostas em ambiente de sala de aula. Relatam observar uma significativa diminuição dos comportamentos agressivos.

Do ponto de vista do adolescente / adulto, o discurso aponta para o reconhecimento das melhorias comportamentais citadas acima. Mas com um diferencial- a percepção de efeitos colaterais. Sendo os frequentemente relatados (insônia e/ou redução do apetite).

Às vezes, observa-se que, na maior parte dos casos os efeitos sobre o sono e o apetite se apresentam de forma leve e não se exige e nem é recomendado a interrupção do tratamento.

O que se faz digno de nota no tratamento medicamentoso é que há "altos e baixos" no comportamento da pessoa. Visto que a vida útil do medicamento no organismo é estimado em cerca de 3 a 4 horas após a ingestão. Período no qual são observadas as melhorias comportamentais citadas acima.

Findo o período, observa-se que o comportamento global da pessoa volta a atingir índices "normais" observados antes da administração do medicamento. Ou seja, retornam-se os sintomas da mesma forma e intensidade como sempre se apresentaram.

É justamente nesse momento em que a Psicoterapia tem a sua parcela de contribuição no manejo do TDAH. Quando se apresenta uma estagnação do comportamento observado mesmo com a utilização do medicamento. 

 Não raro os pais, educadores, profissionais da saúde e a própria pessoa começam a observar algum nível de sofrimento psíquico oriundos de outras questões como- Ansiedade de Separação, Fobias; Drogadição, dentre outros. Tudo isso atravessando a vida profissional, acadêmica e pessoal do indivíduo em questão trazendo problemas e impedimentos diversos.

O tratamento Psicoterápico compreende em ensinar estratégias comportamentais aos pais, ao colégio e à própria pessoa, para controlar aspectos negativos do comportamento que geralmente impactariam negativamente na vida do sujeito afetando a sua vida de uma forma global.

Portanto, faz-se necessário frisar que o TDAH é um Transtorno Psiquiátrico reconhecido como tal pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e a Associação Psiquiátrica Americana(APA). Qualquer outra associação é mera enganação e/ou desconhecimento da fonte vinculadora da informação. 

Por Dani Souza

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Em resposta à solicitação do seguidor do blog, Victor. Espero que o post tenha esclarecido algumas de suas dúvidas. Caso não tenha esclarecido coloco-me à disposição para futuros esclarecimentos a respeito do mesmo.

02 novembro, 2012

O TDAH e os medicamentos estimulantes- Parte I



O objetivo do presente post não é o de explicar o TDAH (Já fora feito em outros posts). Portanto, o objetivo principal é o de apresentar os medicamentos mais prescritos e utilizados no tratamento do TDAH em suas principais manifestações- TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/ impulsividade e o TDAH combinado.

Ressalto e destaco a importância de que esse post seja destinado somente à informação, não tendo, portanto, nenhuma pretensão de estender-se para outros fins. Vale lembrar que para maiores informações é prudente buscar por ajuda profissional para conduzir o diagnóstico e estabelecer o plano de tratamento de acordo com cada caso.

Atualmente,  a literatura nos aponta que o manejo clínico do TDAH que se mostra mais assertivo é o tratamento pautado no respectivo tripé- Psicoeducação (informação sobre o transtorno); Psicoterapia e medicação. No quesito medicamento, tal área foge à minha competência e extrapola a minha formação.

Portanto, os dados apresentados abaixo são oriundos da observação clínica, da escuta dos pais, do intercâmbio com o colégio e da experiência obtida na prática com as pessoas que buscam auxílio psicoterápico para entender os sintomas do TDAH e outros Transtornos que coexistem com o mesmo, a citar: Transtorno de Conduta, Depressão, Transtorno Oposicional Desafiante, Transtorno de Ansiedade, dentre outros.

Observa-se, portanto, que os medicamentos mais prescritos, estudados e tidos como eficientes no suporte medicamentoso aos sintomas do TDAH incluem os medicamentos que são estimulantes do Sistema Nervoso Central (SNC). 

No mercado brasileiro citamos Metadate, Ritalina e Concerta (todos os três com princípio ativo- Metilfenidato (MPH). Não estenderei a explanação para fármacos como Dexedrine (dextroanfetamina); Aderall (anfetamina mista) e outros, por não ser atribuição do Psicólogo. Sendo tal quesito restrito à indicação e prescrição médica.

Entretanto, o metilfenidato torna-se o medicamento mais prescrito. Como um estimulante do SNC melhora significativamente o nível de atenção e possibilita um controle maior sobre o  comportamento. O que contribui positivamente para facilitar a permanência em ambiente de aprendizagem.

Na segunda parte desse post veremos como os pais, os educadores e a própria pessoa analisam os efeitos dos medicamentos sobre o comportamento global da pessoa medicada.

 Por Dani Souza