22 abril, 2012

Bullying - nosso velho e novo conhecido!



Atualmente o bullying tem sido apresentado como novidade, algo nunca visto antes, sentido, presenciado por pais, alunos, professores e sociedade civil. A minha geração foi vítima do bullying, sou da década de 80.

Quem nunca foi chamado de rolha de poço; Olívia Palito; Orelha de abano e vesgo, por exemplo?
Talvez você esteja se perguntando:"Então qual é a diferença?". 

É que até então tais agressões eram vistas como algo que fazia parte da dinâmica dos grupos, algo que não causava sequelas físicas e psíquicas porque havia "pleno consentimento" entre o que hoje chamamos de agressor-agredido. 

Embora na sua origem fossem verdadeiras agressões. Eram sentidas como brincadeiras que causavam certo incômodo, mas que não passavam disso. Não estouravam em brigas, em agressões que necessitassem de intervenção médica, psicológica e jurídica. 

Nem as escolas, nem os pais, nem os alunos sabiam o que era o bullying senão uma típica brincadeira que no máximo iria requerer uma espécie de "acerto de contas" feito pela autoridade máxima que presenciasse a cena poderia ser um professor, um dos pais dos envolvidos. Mas a apaziguação era sempre muito interessante. 

Geralmente colocava-se os responsáveis pelo furdunço cara- a- cara e diziam: "Fulano pede desculpa ao ciclano. Agora aperta a mão do amiguinho." E assim as maiores raivas e inimizades eram dissolvidas e a brincadeira recomeçava e ninguém ficava remoendo o ocorrido.

O bullying apresentado agora com uma roupagem americanizada, é mais marginalizado, recheado de ódios diversos, de verdadeiros intuitos de destruição, aniquilamento do outro.

Um ódio repentino, infundado, irracional. Um verdadeiro vale-tudo nos corredores, no pátio das escolas. Mas que se estende para diversos outros ambientes. O que você acha que deveria ser feito com o nosso velho-novo bullying? A propósito, você já sofreu bullying?  

 Por Dani Souza

12 abril, 2012

O afeto, a motivação e a aprendizagem



No exercício da clínica psicológica com crianças e adolescentes surge uma reclamação digna de nota: "A escola reclamando da crescente desatenção e desinteresse que vem observando em seus alunos."

E aí a saída mais rápida que alguns veem é: "Encaminha para o psicólogo." E não raro, os consultórios se veem repletos destas queixas em maior ou menor escala.

Enquanto profissional e partindo do princípio que nem tudo fica por conta do Transtorno de Atenção e seus derivados, sou levada a fazer uma análise que perpassa o campo dos afetos e sua respectiva ligação com a motivação e aprendizagem.

Enquanto aluna que ainda hoje sou, sei o quanto é difícil prestar atenção em um assunto que por si só não desperta interesse. Ou seja, foge do campo de motivação do indivíduo.

Enquanto instrutora de trânsito sei que quando há didática, adequação da linguagem e espaço aberto para falar e ouvir, mesmo as disciplinas mais preteridas dentro do Centro de Formação de Condutores (CFCs) como a legislação- que se apresenta em vários módulos ao longo do curso, são capazes de despertar o interesse do aluno. Mesmo aquele mais resistente e pré-disposto a "odiá-la".

Pedindo licença a Pedagogia para utilizar o conceito de "ponto de ancoragem." Afirmo: "Não há turma desinteressada, há um grupo que não foi tocado, sensibilizado, chamado a se envolver com o tema/conteúdo."

Quando se ensina algo a alguém não se parte "do nada". Parte-se de algum ponto real de aprendizagem naquele que ouve. Em algum momento o que está sendo dito fez parte da experiência daquele indivíduo com maior ou menor familiaridade, mas fez - houve uma aprendizagem anterior sobre o mesmo tema.

Taxar uma turma como desatenta, desinteressada é desacreditar do potencial humano, ou no mínimo, estigmatizá-la. Psicólogos têm facilidade em transitar no campo dos paradigmas, estigmas, rótulos. 

Pois frequentemente somos convidados a tecer nossas considerações sobre isso ou aquilo e aqui há a oportunidade perfeita para se lançar um novo olhar, uma nova pergunta. Mesmo que seja em cima do convencionalmente instituído. Porque a paixão que nos guia é na fé em um ser que é no geral muito mais capaz que se costuma imaginar.


P.S: Não entenda tal texto como um ataque à categoria do magistério. Mas sim como uma simples observação de uma profissional em constante construção, e sempre aberta ao diálogo, as críticas, as mudanças, ao replanejamento...

 Por Dani Souza