11 setembro, 2012

Fibromialgia- quando a dor é crônica


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A clínica psicológica tem aprendido muito sobre o manejo do acompanhamento psicológico com pessoas que são diagnosticadas com fibromialgia. O termo fibromialgia refere-se a uma condição clínica que leva o corpo a responder de forma dolorosa a estímulos generalizados de dor, porém, a percepção desta dor é interpretada pelo cérebro de forma a intensificar os estímulos dolorosos fazendo com que os mesmos sejam sentidos de forma crônica e difusa. Não raro, as pessoas chegam ao consultório dizendo: "É uma dor que anda pelo corpo todo".

Como a dor se expressa de forma generalizada e crônica, a mesma é denominada de síndrome porque engloba uma série de manifestações clínicas onde observa-se a presença da dor, fadiga, insatisfação, depressão, ansiedade, alterações do sono, etc. Alguns pontos de dor da fibromialgia são: a cabeça, as costas, a região lombar, pernas e braços. É comum observar que a dor não segue um roteiro fixo. Ora ela se apresenta em uma parte, em determinado momento do dia em outra área, fazendo com que a percepção do indivíduo seja a de que ela (a dor)  "caminha pelo corpo".

É muito importante que os profissionais da saúde estejam preparados para facilitar o diagnóstico da fibromialgia através de uma boa entrevista clínica, da análise dos pontos de dor e da presença da mesma por no mínimo três meses consecutivos. Caso contrário, o indivíduo vivencia uma espécie de "peregrinação"  chegando a ir em vários médicos, realizando vários exames e permanecendo com a angustiante constatação de que não há nenhuma alteração nos exames que justifique um diagnóstico.

Ao psicólogo a mesma preocupação também é válida, uma vez que, a fibromialgia leva a um quadro real de dor física que embora se expresse de forma generalizada, ainda assim a mesma é real. E é crucial que o profissional não caia na "tentação" de apressadamente rotular o indivíduo como poliqueixoso, somatizador, dependente, histérico, etc. Já que é de conhecimento de todos que lidam com tais questões que a fibromialgia impacta diretamente na qualidade de vida do indivíduo, no seu desempenho social, profissional e acadêmico. Fazendo com que muitas pessoas rompam abruptamente com suas responsabilidades e compromissos por não suportarem mais as dores.

O manejo da fibromialgia para ser considerado eficiente e não apenas paliativo deve passar por uma abordagem e acompanhamento multiprofissional que oferte ao indivíduo a possibilidade de contar com um programa de exercícios físicos, sessões de fisioterapia, nutricionista, tratamento medicamentoso e abordagem psicoterápica para manejar as questões de ordem psíquica como a ansiedade e a depressão que parecem co-existir com a síndrome. 

Fora o exposto acima é importante que a pessoa diagnosticada com fibromialgia não sinta tal condição como demarcadora entre a felicidade e a infelicidade. Mas aceitar tal quadro com suas possibilidades e limites. Por mais angustiante que possa ser a ideia de conviver com algo crônico, mais fantástico ainda é descobrir o quanto o organismo como um todo luta para a sua adaptação e para que a mente desenvolva novas formas de "enxergar" o mesmo estímulo- a dor. 


Por Dani Souza

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