09 abril, 2012

Entendendo o TDAH




Você já ouviu falar no Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH? Mais facilmente diagnosticado na criança em idade escolar, presente na adolescência e atualmente sendo desmistificado na sua expressão adulta.

 Não se deve entender portanto, como se o TDAH fosse originado na fase adulta. Mas sim, como diagnosticado pela primeira vez na história do indivíduo já em fase adulta.

O TDAH configura-se como uma síndrome (conjunto de sintomas) heterogênea. A tríade sintomatológica clássica caracteriza-se pela presença dos seguintes componentes (desatenção, hiperatividade e a impulsividade) que poderão se apresentar de forma isolada ou combinada. 

O TDAH é de origem multifatorial dependendo, portanto, de uma intervenção que esteja pautada na observação dos seguintes fatores: Genéticos, História familiar; Predisposição biológica e sempre que possível englobar as adversidades de ordem psicossocial.

O que não se pode deixar passar despercebido no entanto, é que tal síndrome não se manifesta da mesma forma e intensidade nas pessoas acometidas pela mesma.

 No exercício da clínica psicológica, o que se observa é que há no TDAH, o predomínio de um dos componentes sobre os demais. Ou seja o tipo com predomínio de sintomas de desatenção ou o  tipo de predomínio com sintomas de hiperatividade/impulsividade. E há também a possibilidade do TDAH combinado.

Devido a tais variações é que se faz necessário um levantamento da história de vida do indivíduo com todas as suas nuances, seus pontos fortes e fracos, e principalmente, o quanto tal questão é ou não geradora de sofrimento psíquico para a pessoa diretamente envolvida na questão.

O diagnóstico do TDAH é fundamentalmente de ordem clínica. Ficando a critério do profissional utilizar o sistema classificatório como o DSM-IV ou a CID-10. Se o caso demandar maiores esclarecimentos há a possibilidade de sugerir uma avaliação complementar solicitando: Avaliação neurológica, Avaliação da escola, após a coleta minuciosa da anamnese (entrevista) pelo profissional.

O tratamento do TDAH se faz através de uma abordagem múltipla. Onde colégio, pais, profissional de psicologia terão uma interface constante de trocas e ajuda mútua. Incluindo ajuda farmacológica na quase totalidade dos casos diagnosticados. O TDAH não tem cura, mas conta com as abordagens citadas acima no seu tratamento.


 Por Dani Souza 







4 comentários:

  1. Este é um assunto bem controverso no meu entender. Lembro que na minha infância minha mãe implorava para eu caminhar - ao invés de correr. Nas aulas de assuntos que me entediavam eu não prestava atenção também. Se eu fosse criança nos dias atuais seria classificada como TDAH.
    Claro que existem crianças que se encontram além do "normal" em falta de atenção e hiperatividade, mas já vi muita criança e adolescente serem tratados como portadores da síndrome, sem o ser. O negócio virou moda e dê-lhe ritalina nos coitados.
    Conheço um neurologista que tem uma abordagem humanista, que percebe que muitos dos pacientes não tem a síndrome, mas que apenas são índigos e trata seus pacientes com Florais e obtém bons resultados.
    O que você pensa sobre isso?
    abraços

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    1. Olá, seja bem-vinda ao Psique!

      A sua colocação é particularmente bem semelhante ao meu modo de abordar toda e qualquer categoria diagnóstica que esteja mais sofrendo impactos da mídia e do modismo que necessariamente refletindo a realidade em que o indivíduo está inserido.

      Se me permite uma colocação pessoal, quando criança aos 5 anos eu fui considerada pelas pessoas ao meu redor como depressiva, melancólica e com traços leves de retardo mental. Todos estes títulos me foram atribuídos por conta de uma perda significativa que tive em minha vida- morte de um ente querido.

      E se tem uma coisa que não legitimo, não apoio, não valido, não reproduzo é esse atravessamento perverso entre diagnósticos e síndromes.

      O homem moderno é patológico, o adulto normal é patológico. Porque a criança que está em formação seria normal? O que acontece é que as pessoas não gostam de admitir que os pequeninos estão cada vez mais ficando sem espaço.

      O brincar hoje não é mais interativo, as relações infantis estão sendo minadas aos poucos, desencorajadas e pra onde vai a energia da criança que hoje se depara com computadores e videogames 24 horas por dia?

      A maneira mais lógica que a sociedade encontrou foi legitimar esse contingente de especialistas que prestam(em alguns casos, bem entendido) um desfavor para a família e o seu paciente mirim. Uma vez rotulado, sempre estigmatizado. A começar pela família, se estendendo para o colégio e impactando consideravelmente nas relações sociais deste ser.

      Portanto, não gosto, não indico nenhum tratamento para seja lá o que for que siga uma linha única de ação. OU seja, só farmacologia, só psicoterapia, só o colégio. Acredito na soma das partes para integralizar o sujeito. Não há como negar a esfera bio.psico.social.

      A terapia com os florais é fantástica. Sou uma estudiosa do assunto. E quanto mais leio, estudo e faço cursos, mais me encanto e surpreendo. Realmente os resultados obtidos são muito bons.

      A filosofia é tratar a pessoa e não a doença. E é assim que penso também! E você não acha que seria uma alternativa interessante para a atualidade? Abraços e obrigada pela sua participação!

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  2. Sim Dani, as terapias alternativas ou complementares são uma excelente abordagem para os dias atuais. Precisamos começar a cuidar do paciente e não da doença.
    Você tocou num tema que anda me preocupando bastante: a falta de cuidado com as crianças e até posso responder a sua pergunta "pra onde vai a energia da criança que hoje se depara com computadores e videogames 24 horas por dia?"
    A energia acaba concentrada na agressividade, pois volta e meia vemos na mídia as agressões aos professores e vandalismo nas escolas. Esse é um cenário que me deixa muito triste.
    Vou voltar para ler outras matérias suas.
    abraços

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    1. Oi Atena,

      Sim, é verdade. É uma pena que não haja ainda de forma suficiente programas e/ou projetos que direcionem a agressividade vivenciada dentro do ambiente escolar em formas mais assertivas. Há tão pouco espaço para a filosofia, para a arte de uma forma geral. E em contrapartida, há tanto espaço para a agressão. Estranho não? Ter os colégios hoje como facilitadores de tais comportamentos? Abraços!

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